sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O tesouro do olhar

Há uma pequena irlandesa
Se debruça em pote d'ouro
Evita fitar o tesouro
Mas o abraço faz-se fortaleza.

Sua voz é tão sutil
O olhar esboça um drama,
Cativa o jeito dama
Numa alma pueril.

Não me foge arguição
Como agarra tal riqueza
Espera só uma surpresa
Mas não exprime reação.

Morte ao campo dá ares,
Tange sua tez pálida,
Faz-se uma orquestra cálida
E a treva vem aos pares.

Enquanto medo lhe cega,
Seu tatear lhe reprime
Mas o tesouro sublime
Em seus braços navega.

Seu olhar vai tão distante,
Que roubado foi o enlevo
Se da treva fez-se um trevo
Saberá em outro instante.

Se de instante vive fantasia,
Faça-se eterno cada minuto
Em que o abraço absoluto
Se converte em poesia.

2 comentários:

  1. Sem palavras... *-*
    Uma das mais lindas poesias que já tive a sorte de ler, sem dúvida!

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  2. Cara, sua musicalidade é algo muuuuito agradável, bastante fluida!

    Cada estrofezinha, contida de 4 versos e métrica variante entre hexassílabos e eneassílabos foi cuidadosamente construída. [Sei q mtas vezes a métrica regular nem foi nossa intenção, mas whatever, aconteceu!]

    Muito bom, mesmo. Bastante medieval, viajei inclusive em alguns contos que já li, inevitavelmente trazidos à memória.

    Já eu opto por versos longos, pra imbutir tensão. E isso encaixa na personalidade de cada um. É só parar pra analisar.

    o/

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